HAITIANOS
12 de Janeiro de 2010 é uma das datas que marcaram a história do Haiti, infelizmente não de maneira positiva. Segundos dados fornecidos pelo Primeiro Ministro do país à época, Jean-Max Bellerive, cerca de 300.000 pessoas perderam a vida no terremoto que assolou o país, com o epicentro desse localizando-se na capital nacional Porto Príncipe. Em uma população à época de quase 9.600.000, o número de vidas perdidas foi de quase 3% em relação ao total. Para um país já pobre, extremamente desigual com relação a renda, emprego e devastado por ditaduras, ocupações estrangeiras e guerras até 2004 (ano inicial da missão da ONU para estabilização do Haiti (MINUSTAH), liderada pelo Exército Brasileiro até seu fim em 2017), a recuperação depois de um evento devastador desses torna-se um processo penoso e demorado. Esse é o panorama que levaram os personagens desta fotorreportagem a uma jornada em busca de uma nova vida.
Sino da Igreja na ocupação Fidel Castro, Uberlândia, 24/05/2019. Foto: Helder Reis
Avenida Segismundo Pereira, Uberlândia, 04/04/2019. Foto: Helder Reis
histórico da imigração
Entre 2010 e 2015, foi registrada pelo Sincre a entrada, no Brasil, de 28.866 imigrantes haitianos e haitianas já com visto permanente no país. Quando se consideram os dados do STI (excluindo turistas e tripulação), que englobam também os registros de solicitantes de refúgio, o volume de entradas de haitianos e haitianas, para o mesmo período, passa a ser de 85.079 imigrantes (dentre os quais já constam os registros do Sincre), sendo que 44.361 imigrantes foram registrados em postos de controle de fronteiras terrestres, correspondendo a 52% da imigração haitiana no país, entre 2010 e 2015.
No total de entradas de homens haitianos (62.944 imigrantes), 54% ingressaram pelas fronteiras e, portanto, como solicitantes de refúgio. O total do movimento de entradas e saídas nas áreas de fronteira brasileira, de acordo com o STI, correspondeu a um volume de 10.148 mulheres haitianas (22% do total das entradas pela fronteira) e 34.213 homens haitianos, entre 2010 e 2015, considerando-se os postos de controle nas fronteiras e os postos da receita federal em estados de fronteira. Há uma predominância da entrada das mulheres haitianas por aeroportos, com 11.974 do total de 22.135 haitianas; ou seja, 54,1% do total das haitianas que entraram no Brasil já apresentavam o visto permanente.
Apesar de entrarem principalmente pelo estado do Acre, a maior parte dos imigrantes dispersou-se por todo o território brasileiro. A maioria dos haitianos fixou-se na Região Sul e Sudeste do país, possivelmente em busca de melhores oportunidades de emprego e boas condições de vida.
Pôr do Sol na Ocupação Fidel Castro, Uberlândia, 24/05/2019. Foto: Helder Reis
imigração em uberlÂndia
De acordo com estimativa do Município, existem aproximadamente 200 haitianos vivendo na cidade, mas somente 18 deles estão cadastrados no Centro de Referência de Assistência Social (Cras).
Muitos estabeleceram-se no bairro Tibery e nas regiões próximas, em ocupações de terra por exemplo.
Família St. Fleur, Uberlândia, 24/05/2019. Foto: Heuler Reis
família
saint fleur
Estabelecidos na Ocupação Fidel Castro desde 2016, que coincide com o ano de sua vinda para o Brasil, a família Saint-Fleur, composta por 3 membros, Destra Saint-Fleur, Verande Jean, companheira, e seu filho Destra Lansky Saint-Fleaur, conversou conosco sobre temas a respeito da nova vida que tiveram que adotar em busca de melhores oportunidades no Brasil e um pouco da realidade do Haiti.
Abaixo segue a entrevista com o chefe da família, Destra Saint-Fleur, ou como é conhecido na ocupação, "Jhony".
Nota: Apesar de todos serem Haitianos na família, somente Destra domina o português. Por esta razão representou a todos na entrevista.
Destra St. Fleur e seu filho, Uberlândia, 24/05/2019. Foto: Heuler Reis
família
saint fleur
-Como foi seu caminho para chegar no Brasil? E Uberlândia?
-Essa escolha por Uberlândia foi por questão de serviço?
-Como é a relação da comunidade Haitiana na Ocupação e nos lugares que você já passou?
Qual o tratamento que você recebeu por parte dos brasileiros?
A esperança se renova nos olhos de uma criança, Uberlândia, 24/05/2019. Foto: Andressa Marcelina
família
saint fleur
-Você é casado agora? Como é? Se conheceram na Ocupação?
-Vieram juntos ao Brasil?
-Como foi para conseguir trabalho em Uberlândia?
Ruas da Ocupação, Uberlândia, 24/05/2019. Foto: Andressa Marcelina
SUAS HISTÓRIAS, SUAS VOZES
Rodin e seu filho vendo TV, Uberlândia, 10/06/2019. Foto: Helder Reis
RODIN
MEME
Fora de sua terra natal desde os 16 anos de idade, quando mudou-se para a República Dominicana em busca de melhores trabalhos na área da construção civil, Rodin Meme veio ao Brasil por indicação de seu irmão. Estabeleceu-se primeiramente em Curitiba, no estado do Paraná, no ano de 2014. Veio junto da leva de imigrantes de 2013 e 2014. Em Curitiba, iniciou relacionamento amoroso com Silmara, paranaense, a qual é sua companheira de vida e de luta até hoje. Ambos toparam conversar conosco sobre as suas vidas, diferenças culturais do Haiti, motivos para seu estabelecimento em Uberlândia, adaptação, preconceito, etc.
Abaixo segue a entrevista com Rodin Meme e Silmara.
Família reunida na sala, Uberlândia, 10/06/2019. Foto: Helder Reis
RODIN
MEME
-Quando você veio para o Brasil?
-Quais as suas motivações para vir ao Brasil?
-Como foi sua adaptação ao lugares que viveu? Onde vocês se conheceram?
-Qual o tamanho das diferenças culturais entre Brasil e Haiti?
Estudante e residentes atentos ao futebol na TV, Uberlândia, 10/06/2019. Foto: Heuler Reis
RODIN
MEME
-Como vieram para Uberlândia? Em busca de trabalho também? Já sentiu o preconceito enquanto buscava trabalho?
-Existe união na comunidade haitiana?
-Quanto tempo já vocês já estão juntos, Silmara?
-Foi muito difícil adaptar-se a uma nova língua? Quais as dificuldades?